AFINAL, PARA QUE O PRÁ CUIDAR DA PROFISSÃO? (Parte 4)
Marcos Ferreira
Uma prática que ninguém duvida que seja um tipo de “invenção”
do Cuidar da Profissão na Psicologia é exatamente a ideia de nos portarmos como
um movimento. Nossa ideia é de ter uma articulação continuada e reconhecível
publicamente. Uma organização que permita tanto aos demais colegas quanto aos
próprios apoiadores e militantes compreender e intervir nos debates. Pois bem,
até isso tem sido alvo de critica por parte da nossa oposição. Como se fosse
ruim criar um mecanismo que dê longevidade e visibilidade ao que é proposto
para a Psicologia.
Mas essa crítica é compreensível. Até recentemente muitos de
nós (eu inclusive) acreditávamos que o desenvolvimento da Psicologia no Brasil
tinha sido fruto de um conjunto de variáveis que não tinham sido administradas
por ninguém. Um tipo de desenvolvimento cego. Entretanto, com um olhar mais
atento é possível perceber que sempre houve alguns grupos e personalidade que
ocuparam um lugar de destaque nessa condução. Nunca se apresentaram como um
grupo organizado e nunca admitiram que estavam articulados. Mas, apontaram as
mesmas teses e sempre se apoiaram de um modo que ficava invisível para os
demais que se tratava de uma ação articulada.
Quando estive na Presidência da ABEP, vivi situações muito
interessantes. Houve um momento em que o INEP devia constituir uma comissão de
avaliação para a Psicologia. Acompanhei todo o processo e fiquei espantado
porque na proposta final da comissão surgiram nomes que sequer tinham sido
mencionados na consulta prévia feita pelo INEP. Fui perguntar e me dei conta de
que um sistema muito antigo tinha funcionado para que a comissão fosse composta
sem a legitimidade da autorização coletiva. Oras, mesmo contando com movimento
e entidades de caráter nacional, a articulação de gabinetes quase derrubou as
combinações feitas às claras.
Nosso empenho em construir um movimento “enxergável” rompe
com essa tradição. A gente não precisa se esconder nem mudar de nome e, para
isso, zelamos por nossas práticas de forma contínua. Temos grupos organizados
em quase todo o Brasil. Fazemos convenções nacionais com representação de
dezoito estados brasileiros. Tudo sempre pago do nosso bolso e para isso
fazemos campanhas de arrecadação e contribuição de todos os militantes. Vale a
pena participar do Cuidar da Profissão.
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