AFINAL, PARA QUE O PRÁ CUIDAR DA PROFISSÃO?
(parte 3)
Marcos Ferreira
Um subproduto interessante de nossa ação consiste em que nós
SOMOS PRODUTORES DE NOSSA OPOSIÇÃO.
Em outro texto apontei que há muitas realizações na
Psicologia que são originadas nas propostas do Movimento Nacional Cuidar da
Profissão. Uma das realizações mais pitorescas é a produção de quadros para a
oposição. De fato, se você for contar os nomes que aparecem nas chapas de
oposição que são apresentadas para concorrer conosco em Santa Catarina, um
número significativo (alguma vez até a grande maioria) já pertenceu ao nosso
Movimento como membros ou como apoiadores. Se forem consideradas somente as
pessoas que compõem diretoria ou que estão na articulação das chapas de oposição, a
proporção de colegas que são ex Cuidar da Profissão cresce mais ainda. Isso
parece acontecer não só em Santa Catarina, mas também em diferentes estados do
Brasil.
Claro, seria de se esperar que algum ex militante do nosso
Movimento pudesse ter ido para a oposição porque discordou de alguma linha
política ou porque descobriu algo errado em alguma de nossas práticas. Ao que
parece, isso não foi o mais comum em nenhum momento de nossas gestões. O mais
comum foi sempre alguém ter sido flagrado fazendo algo que não devia e não ter
suportado a crítica e o convite para corrigir o que tinha sido mal feito.
Essa talvez seja uma das características mais fortes do
Cuidar da Profissão. Fazemos crítica continuadamente a nós mesmos. O trato com
os recursos de profissionais da Psicologia exige de nós essa vigilância. E,
sempre, estarmos dispostos a “cortar na própria carne”, como diz a expressão
popular.
Essa postura de crítica permanente e vigilância nem sempre
agrada quem está sendo corrigido e, surpresa, alguns companheiros passaram a
fazer oposição ao Movimento. Mas, houve muitos de nós que, ao percebermos que
estávamos equivocados, nos dispusemos a corrigir trajetos e estamos bem
contentes com nosso desenvolvimento pessoal e político.
De todo modo, tudo o que acontece conosco não é secreto. Você
pode perguntar o que quiser, sem qualquer tipo de constrangimento. Estou pronto
a responder o que quer que possa lhe interessar. Até para que alguém não vinha
a sofrer com uma generalização do problema que apontei (ir para a oposição por
ter se comportado mal), será ótimo que você pergunte. Prometo ser discreto e
responder simplesmente que tal pessoa nunca tenha sido nosso militante.
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